sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Émile Durkheim

A Tradição Francesa: Émile Durkheim ( 1858-1917)
O que marca a contribuição de Durkheim à sociologia é o reconhecimento de que os sistemas de símbolos culturais - ou seja, valores, crenças , dogmas religiosos, ideologias etc.- são uma base importante para a integração da sociedade ( J. Turner, 1981). À medida que as sociedades se tornam complexas e heterogêneas, a natureza de símbolos culturais, ou o que Durkheim (1893) denominou de consciência coletiva, muda. Em sociedades simples, todos os indivíduos têm uma consciência coletiva comum que regula seus pensamentos e ações, ao passo que em sociedades mais complexas a consciência coletiva deve também mudar se a sociedade deve manter-se integrada. Deve tornar-se mais “generalizada” e “abstrata” a fim de fornecer alguns símbolos comuns dentre as pessoas em atividades especializadas e separadas, ao passo que em outro nível se torna também mais concreta para assegurar que as relações entre, e interiormente, as posições especializadas e organizações nas sociedades complexas sejam reguladas e coordenadas. A condição social, entretanto, é possível em sociedades grandes, complexas quando há alguns símbolos comuns que todos os indivíduos partilham, juntamente com grupos específicos de símbolos que guiam as pessoas em suas relações concretas com os outros ( J. Turner, 1990). Se esse equilíbrio observado entre os aspectos abstrato e específico ou os gerais e concretos da consciência coletiva não é observado, então várias patologia se tornam evidentes ( Durkheim, 1893,1897).
Durkheim (1912) estudou posteriormente a sociedade num nível mais interpessoal, procurando entender a formação da consciência coletiva. Em seu estudo sobre a religião dos aborígenes australianos, Durkheim estava menos interessado na religião do que nos processos interpessoais que produzem a consciência coletiva. O que ele descobriu foi o significado da interação entre as pessoas, como isso produzia o sentimento de que há uma “força” sobrenatural acima e além delas. Ao compreender o poder dessa força que nascia da animação e energia das interações , os aborígenes construíram totens e se engajaram em rituais para honrar as forças sobrenaturais, agora simbolizadas pelos totens. Dessa observação, Durkheim concluiu que a adoração aos deuses e ao sobrenatural é , na realidade, a adoração da própria sociedade e dos vínculos gerados pela interação entre as pessoas. Assim, a “cola” que mantém unida a sociedade é sustentada pelas interações concretas entre os indivíduos.

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